Fonte Nova, adeus!
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CRÔNICA/MEMÓRIA DE UMA CIDADE
Tributo aos torcedores mortos
Gilson Nogueira
A Tribuna da Bahia divulgou que a Fonte Nova será demolida. Antes que alguém aperte o botão iniciando a detonação das bananas de dinamite que irão transformar aquele templo de glórias do futebol da Bahia em uma montanha de escombros, vai, aqui, uma sugestão à Federação Bahiana de Futebol (FBF): Decrete luto oficial no futebol estadual, assim que a morte do Estádio Octávio Mangabeira, a Fonte Nova, for definitivamente confirmada.
Um minuto de silêncio, ao inÃcio de qualquer partida a ser disputada nos campos de futebol do estado, a partir da próxima semana, seria, também, de pronto, outra providência bem-vinda da entidade máxima do futebol da Terra dos Absurdos. Pelo que a Fonte Nova representou para os clubes, a ela filiados, esse um minuto de silêncio valeria mais que uma eternidade. De quebra, nos jogos do campeonato baiano, de todas as suas divisões, o uso de tarja preta nos uniformes dos árbitros e jogadores, em campo, como sinal de pesar pela morte anunciada da Fonte Nova.
Prestes a se transformar em uma arena (argh), à beira do Dique do Tororó, a nova Fonte Nova deveria abrigar a derradeira homenagem póstuma da Bahia Esportiva às sete pessoas que morreram, no dia 25 de novembro de 2007, em conseqüência da queda da arquibancada do anel superior do estádio, que cedeu, aos 42 minutos do segundo tempo da partida entre Bahia x Vila Nova, de Goiás, pela Série C do Brasileirão.
Construa-se, ali, na entrada do novo Estádio Octávio Mangabeira, um memorial em homenagem à s vÃtimas daquela tragédia. Um marco imponente, em mármore, capaz de desafiar o tempo, para perpetuar-se na lembrança do povo que faz do futebol sua maior paixão. O memorial, no formato de um grande coração, sÃmbolo do amor, seria mais uma prova concreta de saudade de todas as torcidas brasileiras daqueles torcedores que foram colhidos pela fatalidade no momento em que vibravam com seu time.
Faça-se justiça. Escreva-se, em letras garrafais, no monumento, em tributo, os nomes de Márcia Santos Cruz, Jadson Celestino Araújo Silva, Milena Vasquez Palmeira, Djalma Lima Santos, AnÃsio Marques Neto, Nidia Andrade Santos e Joselito Lima Jr, vÃtimas fatais de uma das maiores tragédias em estádios de futebol de todo o mundo.
A Copa do Mundo de 2014, razão pela qual as dinamites serão detonadas, não impedirá que a antiga Fonte Nova possa reerguer-se das cinzas e, no meio da multidão, vir a soltar o grito: “Não me esqueçam, eu tenho histórias para contar!”
Gilson Nogueira é joralista
Espero que, pelo menos, conservem o mesmo desenho que sempre teve: uma ferradura com a abertura para a brisa e a bencao dos Orixas no Dique do Tororo.