As edições on-line dos principais jornais europeus cdonfirmam em manchete principal –dividida com a notícia da demissão do técnico brasileiro Luis Felipe Scolari , o Felipão, pelo clube inglês Chelsea – que a italiana Eluana Anglaro, de 38 anos de idade,(17 dos quais em estado vegetativo), morreu às 20.10 horas (17.10 horário de Brasília). O falecimento foi confirmado por médicos da clínica de repouso “Quiete”, onde a paciente estava internada.
A informação tem impacto mundial pelos polêmicos aspectos políticos, religiosos e científicos envolvidos na questão. Mas o reflexo emocional mais forte se dá principalmente na Itália, país de forte influência da igreja católica, frontalmente contrária à prática da eutanásia. O Senado italiano, a pedido do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, debatia em regime emergencial, um projeto de lei para suspender a proibição da nutrição e hidratação que mantinha a jovem italiana com vida.
Tanto na Câmara como no Senado italianos foi guardado um minuto de silêncio em seguida à confirmação da morte. O pai de Eluana, Giuseppe Englaro, depois de ter sido informado da morte da filha pelo anestesista Amato de Monte, pediu: “quero apenas esta só”. O presidente da Câmara , Renato Schifani, expressou solidariedade ao pai, que havia conseguido autorização judicial para o desligamento dos aparelhos que mantinham a filha viva artificialmente, “para evitar o prolongamento indefinido de seu sofrimento”.
“Este é um momento de reflexão em que todos, começando pelos políticos, devem pensar sobre o direito à vida e à morte”, disse o presidente da Câmara. O vice-presidente do grupo conservador no Senado, Caetano Quagriello, reagiu na direção oposta: “Eluana não morreu, e sim foi assassinada”, amplificando o tom emocional do debate, bem ao gosto do conservador primeiro-ministro Berlusconi, cujos adversários acusam de buscar motivos que desviem a atenção dos italianos para a grave crise econômica que atinge o país.
O Vaticano ainda não se pronunciou sobre a morte de Eluana, mas é certo que vem mais polêmica a caminho.
Por Vitor Hugo Soares, jornalista.